Minha imersão no terceiro setor!

Olá, sejam bem-vindos a página da Uniong de São Paulo! Sou Susana Barbosa da Silva Matos, mulher preta com muito orgulho da minha linhagem.  Tenho 41 anos, sou casada com Roberto Matos da Silva. Nascida em Guarulhos, cidade que vivo desde então com muito orgulho. Filha de Maria Alice Barbosa da Silva e José Deon, ambos naturais de Ilhéus, Bahia, que migram no famoso pau de arara, para São Paulo com o sonho de todo morador da região do norte do país, na tentativa de melhorar a condição financeira de todos os familiares. Tenho atualmente três irmãos: Adailde, José e Alessandra(Adalberto e Gilmar, falecidos). Muitos sobrinhos, primos etc. A família é grande!! Sempre gostei de estar no meio de gente, apesar de ser mais introvertida, mas sempre gostei de observar, conhecer gente. Minha casa sempre foi cheia de gente: família, amigos e muitas pessoas que se aproximavam, por dizer que se sentiam muito bem acolhidos pela minha família. Esses relatos são importantes porque hoje fazem mais sentido para mim, pois compreendo como tudo isso foi e é importante para fazer o que faço hoje. Posso dizer que tive uma infância aparentemente “normal”, ah sim, com as crises que todos passam (identidade, medos, traumas), mas isso faz parte da vida, e aos poucos vamos aprendendo a lidar com essas coisas. Sempre gostei muito de estudar. Aos 05 anos ainda no conhecido pré(EMEI), cheguei ao segundo lugar em um prêmio municipal por meio de um desenho de trânsito, representando o caos da cidade e a legislação do trânsito. É claro que, na época não pensei nisso tudo, rs, queria apenas fazer um desenho que representasse nossa realidade naquele momento.

Com uma vida religiosa – protestante, dediquei-me a participar ativamente na Igreja Batista em Jardim Paulista (viagens missionárias, liderança na igreja, aulas, ensino, etc). Aos 18 anos entendi que, deveria ingressar na Faculdade de Teologia Protestante na Faculdade Teológica Batista de São Paulo, na Barra Funda-SP. Me especializei em Missões Urbanas, ou seja, estudar e compreender melhor a Cidade e perceber como a Teologia poderia ser relevante neste sentido (ajuda, e talvez orientar pessoas para que tivessem uma compreensão e  relacionamento sobre Deus que lhes permitisse suportar as dificuldades enfrentadas, sobretudo nas periferias da Cidade), respeitando sobretudo a opção religiosa de cada ser humano. Nesse período de formação, a Igreja Batista em Jardim Paulista realizou o convênio com uma organização internacional chamada COMPASSION do Brasil, com Sede no Canadá que visava o atendimento de crianças e adolescentes carentes nas periferias de todo o Brasil. A Igreja tinha um trabalho de atendimento semanal de até 1.000 crianças, liderados pela Sra. Antônia Coloro(falecida), que muito me ensinou sobre crianças e sobre a vida. Achei interessante a proposta, até pelo meu amor pela cidade, e ingressei como voluntária na organização do Projeto Social que foi criado, chamado de PROJETO CRESCENDO em 03/12/2002. Participei de todo o processo e quando organizado o projeto, fui chamada pela então diretora Luciana Motta(pedagoga), para ser um tipo de “mentora”. Minha função era ouvir as histórias das crianças e no final dar um fechamento, o que então fui perceber que eram as famosas RODAS de CONVERSAS. Eu amava muito estar ali semanalmente. Ouvir as histórias mexiam muito comigo, era muita coisa ruim, histórias de sofrimento, mas também me alegrava em estar com gente tão simples como as crianças. Na loucura da Faculdade, TCC, estar com elas ali era um momento de alívio, integração e aprendizado. Falando em TCC, ele chegou e claro que falei sobre a Cidade e como a minha primeira formação foi protestante, falei sobre a Missões Urbanas, com ênfase no Pacto de Lauzanne – Suíça, 1974, confrontando as igrejas para o despertar pela prática da responsabilidade social. Aos 25 anos, ainda voluntariando no PROJETO CRESCENDO, fui convidada pelo então presidente do Projeto – Arnaldo Sousa de Oliveira, a assumir a Direção do Projeto, o que me assustou, mas aceitei o desafio. E se você já assistiu essa história no meu Canal do Youtube – Dicas3Setor, sabe que neste momento, foi quando tomei uma cartela de Paracetamol em menos de uma semana, quando me deparei com a responsabilidade de cuidar e liderar um Projeto Social. Eu não tinha muita noção ainda, mas sabia que, poderia agora então dar continuidade ao que sempre me despertou a estudar: cuidar de gente e gente de periferia.  O Projeto Crescendo foi um estágio na minha vida. Aprendi muita coisa. Fiz muita coisa errada também, por falta de experiência, principalmente na área de administração, porque tinha somente a Teologia como norte para liderar. Neste período eu conheci uma moça chamada Quedma. Ela era muito organizada e tinha muita noção de administração. Ela me ajudou por cerca de 30 dias: me treinando, pontuando meus erros. Ela me deu várias dicas e depois se foi(ela foi morar em outro país). Depois do tempo com Quedma, eu percebi que precisaria estudar mais, principalmente sobre gestão, administração, projeto social e etc. Foi o que fiz. Em 14 de Fevereiro de 2004, foi criada da Associação Ação Vida(OSC Ação Vida), para ser a mantenedora do Projeto Crescendo, que eu liderava. Em 2006, depois de fazer alguns cursos(SENAI, APEC, e outros online), recebi mais uma vez o convite para assumir agora a Ação Vida, como Diretora Executiva da Associação. Aceitei e novos desafios começaram a surgir. Em 2010, recebemos na Ação Vida um sociólogo chamado Jailton Evangelista que, treinou a equipe por três anos, me orientando como atuar de modo mais técnico e profissional. O que me ajudou em alguns aspectos. E neste mesmo ano, ingressamos com parcerias governamentais por meio de editais. Agora era hota de compreender melhor o que era até então uma ONG, agora OSC(Organização da Sociedade Civil), elaborar planejamentos estratégicos, delegar tarefas, monitorar, elaborar projetos, participar de editais e mensurar impactos sociais mediante resultados dos indicadores(estudei mais ainda, ingressei em cursos de elaboração e Projetos sociais, gestão empresarial, sociologia, filosofia). Ufa! Quanta coisa não! Agora em 2022, olhando para trás, eu vejo como foi importante todo esse trajeto para ser quem sou eu hoje: uma mulher preta e empreendedora social! Sim, ainda estou em fase de aprendizado, sempre, mas posso dizer que o conhecimento recebido ao longo desses anos, me ajudaram e ajudam a ser cada vez mais profissional no que faço. Estou até então na direção executiva da Ação Vida, que agora atua na região do Cabuçu com crianças, adolescentes e famílias em risco social. Já vivenciei muitas histórias transformadoras (equipe de trabalho com muito know-how, jovens ingressando no primeiro emprego, mulheres tendo a sua autonomia, por meio do protagonismo que lhe foi gerado e comunidades sendo trabalhadas, despertando lideranças e sonhos). O que quero? Continuar fazendo parte sempre de transformação social por onde passar! Hoje estou ingressando minha coluna aqui no UNIONG, por meio do Dicas3Setor, e convido você a me seguir por lá também. Estaremos semanalmente postando conteúdos sobre o terceiro setor. Vamos aprender juntos! E convido você a ler, compartilhar e chamar no privado para conversarmos sobre transformação social, se assim quiser. Quem topa?

Gratidão UNION pelo espaço e ao Carlos Sales, presidente da ONG Corrente do bem, pela iniciativa de organizar esse movimento que com certeza continuará dando muitos resultados! Até a próxima semana.

Susana Barbosa da Silva Matos

Formanda em Teologia pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo / Universidade Metodista de São Paulo

Especialização em Elaboração e Gestão de Projetos Sociais pela PUC – SP

Pos Graduada em Gestão Empresarial pela Universidade Dom Bosco

Pos Graduada em Sociologia da Educação pela Faculdade FAVENI

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